8.3.09

Farol e sapo

Eu, enevoado pelo som alto que saía dos alto falantes do carro mal notei a
silhueta se aproximando, pequena e delicada.
Me preparei para o confronto diário entre os que pedem e os que podem ou não
dar algum trocado.
Ao pronunciar minha resposta negativa, ví os olhos da pequena atravessarem
pelo meu corpo como um mira identificadora, daquelas que você vê em filmes de
guerra, a pequena garota viu um sapinho de pelúcia que um dia antes tirei do
retrovisor do carro. Ele estava alí no meio das chaves, canetas e bugigangas
que se arruma no decorrer dos dias, eu quase não o via mais..
Ela me pediu com educação e com o olho cheio de vontade, como eu poderia pensar
em não dar aquele sapo para ela. Foi mais do que espontâneo, foi com um "claro"
que vi o bichinho sair do carro e chegar as mãos da criança.
O farol se abriu, e não pude ver a acolhida que ela teve a sua nova aquisição.
Pelo retrovisor ví a corrida dela aos amigos e outros que alí estavam com o bichinho na mão, após um soltar um delicado obrigado.

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